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quinta-feira, 17 de março de 2011

As Marcas Características da Nossa Relação Com Deus

Pretendemos saber o que queremos dizer quando enunciamos a palavra "Deus"! Atribuímos-lhe a posição mais alta de nosso mundo e, em assim fazendo, colocamo-lo, fundamentalmente, na mesma linha em que estamos, nós e as coisas materiais; achamos que Ele "precisa de alguém" e que podemos ordenar as nossas relações com Ele como arranjamos qualquer outro relacionamento. Enfiamo-nos para junto Dele sem maiores reservas e, assim procedendo, o projetamos para nosso nível. Permitimo-nos uma espécie de familiarização com ele e habituando-nos a contar com Ele [para todas as coisas] como se relacionamento com Deus fosse coisa vulgar e não especialíssima, da criatura com o Criador, relacionamento que só Jesus Cristo tornou possível, como nosso mediador, intercessor e advogado, em nome de quem nós nos aproximamos de Deus. Levamos o nosso atrevimento ao ponto de nos arvorarmos em seus familiares, seus benfeitores, seus administradores, seus corretores. Confundimos a "eternidade" com a "temporalidade". Esta é a nossa falta de respeito no relacionamento com Deus.
Secretamente, nesse nosso modo de proceder, somos nós os Senhores. Para nós não se trata de Deus porém das nossas necessidades [de nossos desejos e conveniências pelas quais queremos que Deus se oriente.
Além de tudo isso, a nossa petulância pede ainda que nos seja dado a conhecer um "super-mundo" e que tenhamos acesso a ele. Pedimos uma motivação profunda, um louvor ou uma recompença, vinda do além.
Porfiamos a colocar Deus sobre o trono do mundo quando na realidade estamos entronizando a nós mesmos. "Crendo" nele, estamos apenas preocupados com a nossa justificação, honrando-nos a nós mesmos e tirando proveito próprio. Nossa religiosidade consiste na solene confirmação que fazemos nós mesmos e ao mundo de que, piedosamente, nos poupamos da contradição. Arvoramo-nos em servos fiéis; procuramos promover o reino de Deus sobre a terra, não por amor ao reino mas para ganharmos a recompensa de Deus. Ou então queremos Deus do nosso lado para abençoar e fazer prosperar o nosso negócio ainda que seja a ruína de nosso concorrente; gostamos de religião cômoda, tolerante para com o mundo e tolerável para ele, e classificamos o nosso comodismo como piedade religiosa. Sob todos os sinais de piedade e enternecimento, na realidade, rebelamo-nos contra Deus, confudindo o nosso tempo finito com a eternidade de Deus. Por querermos ser iguais a Deus embalamo-nos em nossas pretenções e ilusões, esquecendo que nossa vida é qual erva que foi num instante e já não é (Sl 103. 15,16); todavia, para o verdadeiro Deus, não há fim como não houve príncipio.
Esta é a nossa rebeldia. É o nosso relacionamento com Deus, estabelecido sem Cristo e fora de Cristo; aquém da ressurreição; antes de sermos chamados à ordem; e o relacionamento no qual, verdadeiramente, não reconhecemos a Deus como Deus, e o que chamamos Deus é, na realidade, o próprio homem. Servimos a este NÃO DEUS para vivermos segundo nossos desejos abafando a conciência com o deus-ídolo, criado a nossa própria imagem.
Os quais "detêm a verdade presa nos grilhões da insubordinação". Esta é a segunda "Característica" [daqueles sobre os quais pairam a ira de Deus; a primeira  é a troca entre a temporalidade e a eterinidade,  ou vice-versa]. Todavia essa segunda característica é cronologicamente mais antiga [quando o homem quis ser igual a Deus. O ser humano perde-se primeiro em si mesmo, presa de sua própria conduta,[retendo a verdade] e depois pela criação e (adoração) do NÃO DEUS.
Ouvimos, primeiro: a profecia: "Sereis como Deus"! Depois perdemos o senso do eterno. Primeiramente sobre-elevamos o homem e, em seguida, menosprezamos a distância que nos sepera de Deus.
O ponto nevrálgico do nosso relacionamento com Deus, fora de Cristo e sem Cristo, é a revolta do escravo. Revoltamo-nos a Deus e nessa rebeldia atribuimos a nós o que só pode ser atribuido a Deus e, conseqüentemente, nada temos acima de nós para atribuirmos a Ele, pois somos para nós mesmos o que Deus deveria ser. Quando [em nosso intímo], secretamente, nos fazemos iguais a Deus, nós nos isolamos dele.
O pequeno Deus que criamos, dispensa, necessariamente, o grande Deus. Por isso os homens aprisionam, encapsulam, a verdade, que é a santidade de Deus que procuram vestir em sim mesmos e assim despojam a seriedade e o alcance dessa santidade, tornando-a vulgar, inócua, inútil; tranformam-na em inverdade. Este desfecho vem à luz pela impiedade dos homens o que [em circulo vicioso] gera novas constantes rebeldias.
Quando o homem se torna seu próprio Deus, precisa criar o ídolo [para representar a sua criação] pois, elevando o ídolo em honra, honrar-se á a si mesmo como o criador da [tão honrada] imagem [e portanto digno de honra ainda mais alta].
Esta é a resistência que nos torna impossível olhar a planície da nova dimenção e nela ver a limitação de nosso mundo e a nossa salvação.

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