Pesquisar este blog

quarta-feira, 16 de março de 2011

Entre o Escândalo e a Fé.

O Evangelho manifesta a seriedade de sua presença em nossa vida impondo a posição entre o caminho da Fé e o Escândalo. Ou a pessoa aceita o evangelho, crendo nele, ou se escandaliza com a verdade que apresenta, considerando-o absoluta loucura em sua pretenção de ser o único caminho para a redenção, situando-o, quando muito, como uma possibilidade, uma interpretação e quiçá, até uma verdade entre muitas outras alternativas, filosofias, crenças e religiões.
Aquele que não estiver à altura da contradição, que não se conformar com ela, que não estiver pronto a perseverar na esperança de boa nova qual o evangelho apresenta, não quiser esvasiar-se de si mesmo para dar lugar à plenitude de Deus para esse, o evangelho será motivo de escândalo. Todavia, a todos os que não fugirem da evidência da contradição [antes perseverarem na aceitação paradoxal e inaudita, e estiverem prontos para morrer para a vida material ( a fim de ganhar a espiritual ), de se esvaziarem completamente ( para se encher do Espírito Santo ), que nada pretenderem, nem mesmo ousarem desejar herdar a vida terrena ou se locupletar de dons celestiais, que não imaginarem uma transação de vacuidade calculada para dar lugar ao preenchimente que viria qual recompença, os que voltarem suas vistas, sinseramente, para a Cruz e a Ressurreição] para esses tais abrir-se-á o caminho da Fé.
Quem confia em Deus, mesmo, e somente em Deus isto é, quem reconhece a fidelidade de Deus na própria contradição que essa fidelidade impõe e pela qual somos deslocados [somos feitos estrangeiros] da existência e do modo de ser deste mundo, quem corresponde a essa fidelidade divina com a sua fidelidade, quem fica com Deus, a despeito de todos "ainda que" e "apesar de que" [que as contingências da vida possan trazer], este CRÊ!
E o crente encontra no evangelho o "Poder de Deus" para salvação, os raios percusores da eterna bem-aventurança, e o ânimo de colocar-se em guarda, de sentinela!
Mas o encontro, a descoberta, do Poder de Deus, exige a escolha livre e continua, de cada instante, entre o "Escâncalo e a Fé". Todavia, no que concerne a Fé, o calor da descoberta, a punjança da convicção, o grau de entendimento e a cultura alcançada são mera roupagem [de ocorrêcias] deste lado [de aquém ressurreição] e por isso marcos irrelevante do fenômeno.
É por isso que a Fé não é, jamais, idêntica à "religiosidade" ainda que esta seja a mais fina, a mais pura, pois a religiosidade é um marco da Fé, e como tal anula as outra realidades do mundo e junto com estas, notoriamente, a si mesma. A Fé, porém, vive por si própria, porque vive de Deus!
À Fé revela-se o que Deus revela por sua fidelidade. Aqueles que precindiram da comunicação direta, recebem-na; àqueles que ousam arriscar-se com Deus [que entrega a própria sorte em suas mãos, sem indagar sobre a natureza de Deus] fala Deus como ele é; aos que tomam sobre si o fardo do divino NÃO, ele suporta com o divino SIM, que é infinitamente maior. Os que sofrem a contradição, sem dela fugir, são sobrecarregados, mas aliviados; aqueles que perseveram na esperança, nela mesmo reconhecem que estão autorizados a tê-la: que podem esperar pela fidelidade de Deus.
Neles cumpre-se a profecia: "O justo viverá pela fidelidade". (Hb. 2. 4).
A Fé, pela parte do homem, é a adoração que este NÃO divino aceita [pois sem Fé é impossível agradar a Deus]; a Fé é a fonte que promove no homem a vontade de esvasiar-se; a Fé é a comovida persistência na negação expressa pelo NÃO divino e, conseqüentemente na negação a si mesmo como está escrito: "Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me". (Mc 8.34).
Onde a fidelidade de Deus encontra essa Fé, aí se revela a sua justiça. E o justo viverá!

Nenhum comentário:

Postar um comentário